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Um problema de juntar tudo e deitar fora!

Foto do escritor: PéterPéter

Atualizado: 23 de mai. de 2018

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A cada guinada no volante a direcção da Patassaura contorcia-se em ruídos dolorosos. Parecia ameaçar partir-se em duas metades distintas. Saímos da auto-pista na primeira saída possível, em direcção à pequena cidade de Collipulli . Após visitar dois mecânicos cujo aspecto da oficina não nos gostou, fomos à internet em busca duma solução.


Enquanto procurávamos outros talleres, aproveitamos para falar com a família. Do outro lado, especialista na matéria, o meu pai alertou-nos que poderíamos ter um braço da direcção empenado e que correríamos o risco de partir toda a direcção. O caso parecia grave. Metendo toda a nossa experiência de pequenos viajantes no bolso, o Sr. Luís encontrou muito mais rapidamente que nós uma outra oficina, enviou-nos uma fotografia e as respectivas direcções para ir lá ter. Ganhamos um produtor à distância!


A nossa nova esperança chamava-se Oficina da Costa. O nome era-nos familiar. O Sr. da Costa era um homem de meia idade, muito simpático, super prestável e filho dum imigrante português, mais precisamente de Vila Real. Muito prontamente disponibilizou-se a interromper o seu serviço e a atender-nos. Depois duma análise rápida, concluímos que nada se passava na direcção - felizmente. Era, sim, a junta homocinética da roda esquerda que estava quase literalmente presa por um fio, pelo que era mais do que urgente substituí-la. Uma vez que é mais fácil encontrar pastéis de nata na América do Sul, do que repuestos para a nossa camioneta, a nossa única hipótese foi voltar 100km para trás, até à cidade de Temuco.



Chegamos pela manhã seguinte. Após uns telefonemas o responsável anunciou-nos que uma peça de substituição só seria possível caso se mandasse vir de Santiago, a capital, o que teria um custo e um tempo de espera demasiado grandes. Vendo a nossa cara de desânimo como reacção às suas palavras, garantiu-nos que encontraria outra solução. Não tivemos que esperar muito mais. Desta vez as novidades eram mais optimistas. A solução seria adaptar uma junta homocinética de outro carro e isso seria feito ali mesmo na oficina. "Dale, dale!", dissemos.



Ao final da tarde a nossa casa rodante já estava pronta e sem nenhum barulho de fundo. No dia seguinte, numa casa de alinhamento de direcção, conhecemos o Pablo, que gentilmente se ofereceu a disponibilizar o seu local de trabalho, que ficava perto dali, para que pudéssemos ir à internet, pois já não tínhamos muito dinheiro no cartão. Esta sua amabilidade não apareceu do nada, mas sim da solidariedade entre viageros. A aventura que agora concretizamos, já o Pablo realizou há dois anos. As únicas diferenças é que o fez de moto e em apenas 4 meses. Bem, o nosso veículo é muito maior, assim como a nossa noção de tempo, em 4 meses ainda só percorremos 3 países.


Seguimo-lo por uns quilómetros, sem percebermos muito bem (até) onde íamos. O Pablo é engenheiro civil e estava a empreender um parque municipal na cidade. A sua equipa instalara-se temporariamente no mesmo quarteirão das obras. Ali, nas suas instalações, passamos o resto da manhã. Com o trabalho de engenharia terminado e os problemas de viajantes resolvidos, convidou-nos para almoçar. Fomos a um daqueles espaços-segredo, que só os locais conhecem, pois parecia uma casa particular. Comemos bem e conversamos muito. Trocamos impressões e dúvidas sobre o roteiro, os países e suas culturas.



No final despedimo-nos sinceramente. Nós estávamos encantados com o gesto e o Pablo feliz por recordar em nós a sua viagem. A sua próxima aventura será ir de moto de Ushuaia até ao Canadá. Por sua vez, a nossa será ir até às dunas de Putu, para depois iniciarmos o nosso primeiro voluntariado no Chile, numa eco-aldeia chamada Pailimay.


10 e 11 de Abril, 2018





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