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De Santiago partimos em direção ao norte. Fomos cheios de gás até La Serena, pois já estávamos atrasados e precisávamos de trabalhar no blog. La Serena é uma cidade costeira, com aquele toque de turismo de boias coloridas. Também é um bom sitio para surf, disse-me o meu irmão. Assim que depois do caos de Santiago foi um alivio encostar na orla marítima, sem problemas nem ruídos nem bagunça à nossa volta. A cereja no topo do bolo é podermos abrir a porta à Levi e ela entretem-se a chatear todas e quaisquer pessoas que se encontrem na praia: velhos, jovens, crianças, casais, até pessoas com os seus próprios cães são destacadaos para lhe atirar a bola. Um alívio a dobrar, portanto. Como chegamos num domingo e tudo estava fechado decidimos ir para um cafezinho bacana em cima da areia, onde conseguimos ir deitando um olho à Levi enquanto trabalhávamos na internet. Claro que como passamos lá o dia todo acabamos por pagar uma pequena fortuna entre bolos e hambúrgueres (ups!). Mas o trabalho correu bem e ficamos contentos, mal sabíamos que ainda nos esperavam mais três dias imersos nesta brincadeira! Segunda feira, com era feriado, fomos trabalhar para a bomba de gasolina. Menos bonito, mas definitivamente mais barato! Terça-feira, por fim, encontramos a biblioteca pública e aí foi a maravilha! Internet, livros, revistas: passamos dois dias entre trabalhar e passear na biblioteca (sim, tínhamos muitos posts em atraso!).
Com a escrita em dia zarpamos a todo o vapor até Copiapó (estamos atrasados!). Conduzimos todo o dia e chegando à cidade tivemos de andar a pesquisar a bomba de gasolina grátis, pois as do centro cobram para pernoitar! Na manhã seguinte arriscamos tomar banho nas instalações da bomba e fomos surpreendidos: limpeza impecável e água a escaldar, perfeito! Limpos e em pulgas para chegar ao deserto prestamos uma visita ao posto de turismo e, seguindo o conselho da pessoa que nos atendeu, fomos procurar ostiones um marisco típico desta zona, à bahia dos ingleses, um pouco mais a Norte.
Decepcionalmente não encontramos nenhum restaurante com essa oferta, para o nosso budget, portanto contentamo-nos com um almoço improvisado na carrinha, contemplando o mar. Este mar, que é o Pacifico, e tanto nos tem espantado: ah! estamos a ver o Pacifico!
-“Parece-te diferente?”
-“As cores, a textura?”
-“O movimento das ondas?”
Sim, o Pacifico tem cores e formas distintas. O azul é mais índigo, a espuma mais cremosa, é mais mágico porque faz parte de uma parte da nossa vida mais mágica também.
De barriga cheia seguimos em direção a Antofagasta (estamos atrasados!) e pelo caminho apanhamos o Andrés, um chileno circense que se dirigia ao Peru, para aprender shamanismo. Não tínhamos planeado fazer tantos quilómetros (cerca de 700km) de uma vez, mas como tínhamos este companheiro e a noite e a estrada estavam boas lá conseguimos chegar a essa cidade de nome tão engraçado.
Encontrado um ponto para dormir na aplicação Ioverlander, deixamos o companheiro no centro e fomos encostar à beira da praia. E então: Surpresa! Quem estava aí estacionado? Os alemães da africa do sul, Martin e a Christin, com quem nos cruzamos duas vezes em Santiago (:
Antofagasta surpreendeu-nos por ser super cosmopolita, com restaurantes fancy e gin bares, não estávamos à espera de encontrar tão a norte uma metrópole tão europeizada! Claro, nós preferimos os mercados. Assim, pela manhã bem cedo fomos à lota de peixe para comprar algo bom. Eram cerca das 8:30h e não estávamos preparados para aquela recepção: um chinfrim de pessoas a anunciarem as suas ofertas atrás das bancas: “MERLUZA, REINETA, CHICHARRON, FRESCO Y RICO! “ Deviam ser cerca de 20 bancas, não era um mercado grande, mas era estreito e com demasiada energia para aquela hora matutina! Entramos por uma porta e saímos pela outra completamente abananados. Cá fora, ficamos a olhar um para o outro: “O que queres?” “Nem sei!” Acabamos por escolher duas belas postas de reineta, só porque tinha nome de maçã (e bom aspecto). Havia também, como é comum, restaurantes dentro do mercado e as pessoas já estavam a comer peixe frito com cerveja e ceviche! Belo pequeno-almoço (:
Numa passagem rápida pelo turismo descobrimos que esse era o dia do património, portanto os museus eram de entrada livre. Aproveitamos para visitar o museu do deserto e aprender um pouco sobre o mercado de sal, a geologia do atacama e o seu céu privilegiado.
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Aproveitamos a internet para falar com a família, e levar em consideração todas as suas recomendações para o deserto: extra água, extra gasóleo, medicamentos, comido, bússola, gps, mapas, ufa! Passado o teste seguimos, finalmente, em direção ao Atacama <3
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