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Tempos de Mancora

Foto do escritor: PéterPéter

O tempo de voluntariado foi aproveitado também para desfrutar de nós e da região.



Durante a semana íamos dormir todas as noites à praia de Mâncora, onde várias autocaravanas estacionavam também. Por semanas tivemos dois vizinhos frequentes, o Michael e o seu amigo de quatro patas Xamo. Os dois vinham da Colombia juntos e vendendo artesanato, juntavam dinheiro para voltar para o Equador, onde tinham planos de se estabelecerem por mais tempo. Apesar do lugar ser sossegado, devido ao número grande de viajantes que chegavam e paravam frequentemente, os hotéis começaram a apresentar reclamações na policia, que nos começou a visitar pelas noites. Entre avisos e vezes em que chegaram mesmo a expulsar as autocaravanas, o lugar foi perdendo o seu encanto.



Pelas manhãs acordávamos cedo e fazíamos algum exercício. Depois seguia-se o pequeno almoço. Os mais variados bowls com frutas da região. Aveia, côco, sempre banana, morangos, moringa, cacau, canela, maça… havia de tudo um pouco. Sempre finalizado com uma rica granola que descobrimos num supermercado em Talara, uma cidade a alguns quilómetros de distância. Sinceramente foi a descoberta do ano. Nunca - nem em Portugal - tínhamos encontrado uma granola com uma relação preço / qualidade tão boa. Por isso… havia que comprar para armazenar! Depois do café da manhã, sempre passávamos no mercado para comprar fruta e pão para o lanche. Perto das oito, chegávamos à escola e era o tempo de fazer um cafezinho e entrar ao serviço. Enquanto engolíamos o café quente, já ouvimos as crianças a chegar lá ao fundo.



Depois das aulas comíamos o almoço que - regra geral - já tínhamos preparado no dia anterior, por isso sempre azedava um pouquinho. Nada que o nosso sistema digestivo não aguente a esta altura do campeonato. Aproveitámos que a escola nos dispôs gás e fogão e compramos alimentos que não costumamos comprar tão frequentemente por necessitarem de algum gás para cozinhar. Por exemplo, espigas de milho, mandioca, grão de bico e vários tipos de feijão e outras leguminosas. Ser vegetariano em Mancora sai caro. Um broculo custa às volta de 6 soles, por este valor num restaurante local pudemos comer uma sopa de entrada, um peixe frito ou frango e um refresco. Com o tempo fomos conhecendo melhor os cantos à cidade, aqueles segredos que só quem vive lá conhece. Descobrimos uma padaria que aparentemente era desconsolada como todas as outras o são, mas nesta faziam um croissants parecidos com os franceses - deliciosos! Como tínhamos saudades de um mimo pasteleiro! Na senhora da lavandaria, onde pusemos os lençóis a lavar, descobrimos que também servia diárias económicas. As tais que custam o mesmo que um broculo ou uma couve flor. O peixe frito lá era bom e vinha com uma batatinha frita e mandioca. Nem sempre acontece!



Aos fim de semana dedicávamo-nos a outros afazeres. A Catarina, que há muito já tinha ingressado pelo mundo das artes manuais, agora dedicava-se a fazer bonecos de Crochet. Em pouco tempo e com uma destreza profissional, pariu o Alfredo. Um pequeno macaco com um ar esgrouviado e feliz! Eu aprendi a bordar. Um olho no youtube outro na agulha, lá fabriquei dois panos decorativos para deixar nas duas salas de aulas, como uma recordação nossa. Um balão de ar quente e um pinguim. Normalmente passávamos os dias em Los Órganos, onde podíamos dormir na praia mais descansadamente e com maior privacidade, ou íamos até Lobitos, um pequeno pueblo conhecido pelo surf.


Não descuidamos a alimentação fora dos dias úteis (já não tínhamos esta divisão da semana aos meses!) e tratamo-nos igualmente bem, fosse a comer em casa ou a comer fora. Num dos fins de semana, apanhámos a festa de São Pedro em Mancora. Pela manhã, do porto de pescadores saia uma procissão no mar. Dispondo do seu gasóleo, os pescadores por tradição convidam as pessoas a entrar nos seus barcos e alguns até oferecem peixe. Nesse dia fomos também a uma aula de Salsa. Não vou dizer que gostei, senão a Catarina vai-me fazer mil e um pedidos para irmos a mais iniciativas do mesmo género. Por isso, diriei apenas que “foi giro”. Ah, e não há fotografias do sucedido! Muito menos vídeos!



Um dos pontos altos foi a experiência de nadar com tartarugas no mar. Em Los Nuros, perto de Mancora, podíamos nadar com estes bixinhos e tocar-lhes ou até abraça-los. Ao início assustam, pois são gigantes e chegam perto de nós sem hesitação nenhuma. Se não nos desviamos até nos dão um chega para lá. Mas com tempo revelam-se autênticos cachorros marinhos que adoram festinhas. As suas barbatanas são como uma cartilagem, mas um pouco mais mole. A cabeça é dura no cocuruto e a zona do pescoço (onde fazem umas dobrinhas) é pura carne que se pode apertar e descarregar as ganas! A sensação do toque na mão é como se fosse um material parecido com borracha.



Neste momento estamos à espera que a Luanda e o Augustin (os nossos amigos de Kallampas) cheguem amanhã e provavelmente vamos nadar com as tartarugas de novo! Ah, e esta é a segunda vez que o blog está em tempo real! Uauuuuuuu

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