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Ruta dos siete lagos - Villariño

Foto do escritor: PéterPéter

Atualizado: 23 de mai. de 2018



A tarde já se espreguiçava, quando San Martin de Los Andes ficou a ver-nos partir. Subindo a colina que protege a pequena cidade dos grandes ventos, muitos dedos se esticavam ao longo da berma.

A grande maioria pede boleia aos pares e de par em par lá vamos fazendo sinais de que só temos lugar para um. Nunca ninguém se quer dividir. Assim, uns agradecem e devolvem-nos um sorriso e outros parecem duvidar da nossa boa vontade.


A paisagem Patagónica vai sofrendo pequenas alterações à medida que se avança para Sul. Agora, na Ruta dos Siete Lagos, a estrada contorce-se que nem uma cobra, abraçando no seu flanco estes pequenos oceanos de água azul, vívida e cristalina. Vigiando os lagos há sempre uma montanha por perto atenta, talvez, a quem pesque sem a autorização milionária que é necessária para o fazer.



A nossa primeira paragem foi no lago Villarino. O Sol ainda bocejava quando arranquei a Levi da sua manta e fomos os dois passear para a margem do lago, enquanto o nevoeiro levantava o seu manto. Desde que chegamos à Patagónia o cão foi responsabilizado com uma nova tarefa: ajudar a recolher madeira para as fogueiras. Na perspectiva da Levi cada pau é um brinquedo e a montanha é o Toys’r Us. À medida que ela me traz os paus e os pousa a meus pés (para que eu os atire), eu guardo os que são bons para queimar e atiro-lhe outros que não me servem. E assim seguimos… até certo ponto! A sua inteligência canina acaba por perceber que eu fico sempre com os paus de melhor categoria. Aí, reclama um para si, amua, faz greve e abandona o seu cargo baixo de grandes protestos!



Sempre que pensei em viajar com um cão nunca o imaginei como um bibliot vivo, que vem a abanar a cabeça na frente do carro. Acho que é mesmo fundamental que como membro da tripulação a Levi tenha também funções a desempenhar, tal e qual como nós. Para mim, isso não só enriquece a sua relação connosco, como confere mesmo credibilidade à sua presença nesta viagem. Assim, a sua tarefa prioritária é a de alarme. Desde que iniciamos esta vida itinerária a Levi tornou-se muito territorial com a carrinha. É uma necessidade sua ter um espaço que reconheça como seu, dá-lhe confiança e conforto. Assim, se queremos ir dar um passeio, a maioria das vezes ela fica a defender a fortaleza do interior e a verdade é que nos sentimos muito mais descansados, não creio que um cão vá evitar um assalto mas desencoraja bastante essa intenção. Sempre que regressamos é fácil perceber, pela sua postura, se esteve tranquila ou se foi perturbada. Raramente se mostra stressada. A verdade é que o alarme não fica propriamente concentradissímo a olhar pela mansão, já a apanhamos a dormir em pleno horário de vigilância umas quantas vezes! Que vergonha!



Para o almoço fizemos no fogo dois pedaços suculentos de rosbife. Ficaram deliciosos. Foi o que pensamos nós e as abelhas que prontamente nos rodearam e atacaram os nossos pratos por todo o lado. Fomos obrigados a fugir para dentro de casa e a fechar todas as cortinas. A zona da Patagónia está repleta de abelhas e vespas. Desta vez escapamos ilesos, mas dias mais tarde a Catarina seria picada duas vezes na mesma mão e eu uma vez debaixo do olho.


De barriga cheia e para acabar o dia, fomos fazer o nosso primeiro treking, uma caminhada muito tímida à cascata Nivinco.


23 e 24 de Fevereiro, 2018

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