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El Chalten & O Monte Fitz Roy

Foto do escritor: PéterPéter


Pela primeira vez, separamo-nos durante um dia inteiro. A mim apetecia-me fazer um dia de trekking e à Catarina, por sua vez, um dia de Domingo. Assim sendo, despertei pelas 6 da manhã, fiz o meu café e meti qualquer coisa no estômago. Pus às costas a mochila que havia preparado no dia anterior, e às 7 estava a fechar a porta de casa com cuidado para não acordar as meninas.


Doze quilómetros separavam-me do Monte Fitz Roy. Acelerei o passo, enquanto o dia amanhecia por entre os ramos do bosque ao meu redor. Ao meio da manhã já estava no sopé da montanha. Agora faltava apenas um quilometro mais, mas este era feito duma subida, que perfazia uma altitude de 400 metros, e onde calhaus soltos faziam o papel de escadas. Com várias pausas pelo caminho e uma dor de burro a crescer, lá atingi a meta. É chegada a hora para o tão desejado lanche matinal, amendoins com água colhida directamente do riacho.



Mais uma vez, o cérebro fica atordoado com a beleza assombrosa dum lugar novo e inóspito como este. Precisa dum momento para absorver a informação. E ali poderia ter ficado o dia todo a apreciar a beleza e o silêncio que se fazia (ou não) sentir. Contudo, sentia-me energético, não tinha vontade de estar parado e contemplativo, mas sim de andar por andar. Dei ouvidos às pernas e retomei o caminho de regresso. Quando descia a montanha, dezenas de pessoas subiam. Desta vez o meu plano de chegar cedo, dera frutos! Já cá em baixo, um nevoeiro denso tomou conta do Monte, e nunca mais nesse dia foi possível avistar o velho Fitz Roy. De mãos geladas, e coração quente, por sentir que fui presenteado pela mãe natureza nessa manhã, decidi alterar os planos da minha caminhada.



Tomei um atalho que cruzava a margem de duas lagoas, a mãe e a filha, para encontrar outro trilho de regresso a casa. Assim, aquilo que seria um passeio de 12 quilómetros, tornou-se num de 30 e tal. Passei o dia sozinho por entre a natureza de câmara na mão. Para além de bosques frondosos, matas com vegetação mais densa e fechada, trilhos mais arenosos e margens de lagos cheias de pedrinhas, pelo meu dia passaram também imensos cheiros distintos, vários tipos de luz, chuva e Sol.



O final do dia acabou por ser marcado por uma pequena tempestade. O meu desvio na trajectória levou-me até à ponta oposta da cidade, o que me obrigou a cruza-la debaixo de água, vento e o raspanete da Catarina por não me agasalhar melhor, nem ter levado um guarda-chuva.


26 de Março, 2018

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