Muitas vezes nos perguntam qual é o país que gostamos mais até ao momento. desbobramo-nos em esgares desajeitados e gaguejos infantis com medo de ferir um lado. É como caminhar sobre cascas de ovos. Por fim arranjamos uma forma - a mais democrática possível - de dizer que não temos um preferido, todos nos agradaram pelos mais variados motivos e de cada um temos recordações e boas experiências associadas. Se o curioso que leva a cabo o interrogatório decidir ser um pouco mais pervertido, perante a nossa hesitação, dará uma cambalhota à sua questão: “Então, qual o país que menos gostaram?”. E aqui a porca torcer o rabo… o Perú.
Neste momento estamos em Mâncora, no Norte do país. O vizinho Ecuador está mesmo ali a umas dezenas de quilómetros apenas, e esta é a ultima semana da nossa estadia aqui, após um voluntariado que durou um mês. Talvez o resto do continente nos tenha mimado demais, talvez a nossa exigência seja outra, ou se calhar estamos apenas cansados e este grande território onde nunca vimos um perú está a levar por tabela. Ou então, pura e simplesmente não gostamos mesmo do país e da sua gente (generalizando) e não há mal nenhum nisso.
O que acontece é que não estamos com pena de seguir em frente, pela primeira vez o estômago não se contorce numa nostalgia precoce e ainda não começamos a enumerar as coisas das quais já temos saudades antes mesmo de sair do país. No Paraguay tínhamos o gosto da mandioca, no Brasil do coco, na Bolivia a boca cheia de milho e no Chile de abacate com tomate. Daqui levamos o sabor do vazio, da ausência…da indiferença!
Não creio que ainda haja tempo para que algo de transcendente ocorra e a nossa impressão seja revolucionada, tenho, sim, alguma esperança que ao escrever sobre estes dois últimos meses no Perú consigamos fazer um exercício de memória e re-equilibrar um pouco a balança. Encontra também um lado positivo mesmo que este seja o lado b da cassete.
E foi assim que tudo começou….
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