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Nazca e Huacachina: o melhor do deserto

Foto do escritor: CatarinaCatarina

27 a 30 maio ´19


Segunda feira, dia 27 de Maio despedimo-nos dos Andes.

Durante todo o dia da estrada em que calcorreamos estas montanhas áridas, desertas e geladas, não nos conseguimos desfazer de alguma nostalgia por deixar para trás a coluna-vertebral da América, estas terras inóspitas onde a vida é realmente difícil e diferente.. Como que adivinhando o nosso estado de espirito a noite brindou-nos com o céu mais estrelado jamais visto, e nós, cabeças fora da janela aproveitando a ar quente que subia do deserto de Nazca, bebemos esta imagem com largos golos sofregos de marca-la na nossa memória para sempre.



Chegando a Nazca íamos morrendo! Já habituados à calmaria dos pueblos andinos não estávamos preparados para a azáfama de Nazca. Esperávamos mais uma cidade silenciosa, mas em vez disso fomos bombardeados com tuque-tuques malucos, trânsito infernal e buzinas constantes (as pessoas buzinam por nada!). Luzes neon em todo o lado, altifalantes tanto para anunciar produtos como feitos da câmara municipal, ruas com tanto comércio que se torna impossível discernir uns dos outros. Publicidade caótica e lixo por todos os lados.

Demasiado cansados para andar às voltas, engolimos um pollo gorduroso no restaurante da esquina e tentamos adormecer o mais rápidamente possível, apesar do ruído ensurdecedor.

No dia seguinte compramos o combo de bilhetes e fomos explorar os 4 lugares turísticos de Nazca: o aqueduto, os geoglifos de um antigo tear e da conduta de água e as ruínas do assentamento político incaico. Só os aquedutos é que eram verdadeiramente impressionantes, construídos em forma de espiral à centenas de anos e por lá continuam, impávidos e serenos. Depois do almoço fomos também espreitar as linhas de nazca visíveis sem necessidade de avião: são de facto impressionante! Quem, por quê e para quê terá construído estas figuras?! Eu gosto de acreditar na teoria da comunicação com seres de outro planeta :D



Chegamos quase à noite e isso foi ainda mais impressionante: Huacachina, uma cidade num oásis!

Estacionamos o carro numa rua sem saída e apressamo-nos a subir as dunas, para ter uma visão de todo o espaço. Nós, boquiabertos com a beleza insólita do lugar, a Levi, incrédula por ter encontrado montes de areia sem antes sentir o aroma a mar! Foi um fim de tarde em cheio para todos.



Como todo o que é lindo e limpo no Peru, o oásis foi tomado de assalto pelo turismo: no primeiro anel à volta do lago sucedem-se hotéis, hosteis e restaurantes, no segundo agências de sandboard, parapente ou buggys! Não havendo mais espaço pois logo em seguida são as dunas, o lugaro acaba por ser um pouco surreal por não haver nem uma casa habitacional ou uma mercearia de esquina. Não obstante a mão humana, a natureza segue majestosa e alheia-nos desta exploração abusiva.



Na manhã seguinte despertamos todos cedinho, com a expectativa de explorar melhor o oásis. Subimos ao topo da duna mais alta de todas e ficamos sentados a admirar esta paisagem tão insólita, uma cidade num oásis, uma mancha de água e verde no meio de tanta areia e pó. Contente andou a Levi, pedindo a todos os turistas que lhe atirassem pauzinhos morro abaixo, animando os seus amigos novos. Contagiados pela sua energia, descemos a correr e a deslizar a montanha de areia, o que nos deixou sem fôlego pelo esforço e pelo facto da câmara fotográfica ter caído a meio do caminho. Na altura ainda não sabíamos, mas este fora o seu ultimo suspiro. Adeus fotografias maravilhosas! Adeus filmes divertidos!



À tarde aproveitámos para ir a Ica, ao nosso recém favorito supermercado: Tottus (depois de tanto tempo em mercados, é muito relaxante ir a uma loja onde os preços estão todos marcados, se pode ler os rótulos à vontade, comparar preços e pesos, e afins). Por casualidade o Tottus era dentro do centro comercial, que também tinha cinema, onde estava em exibição o Aladino! Não hesitamos, este era o lugar ideal para ver um filme sobre a árabia! Divertidíssimos com a dobrarem em espanhol, voltamos ao oásis para dormir, embalados neste mundo mágico das 1001 noites….



Despedimo-nos de Huacachina da melhor forma: fazendo amigos! Os nosso companheiros da manhã de quinta-feira foram a Ema e o Felipe, dois irmãos argentino-alemães que se encantaram connosco e nos entretiveram a manhã inteira: pintamos dançamos, passeamos à volta do lago e por fim, trocamos contactos. Eles foram para Ica, nós para Pisco.

Deixamos para trás o primeiro, esperamos não o ultimo, oásis da nossa vida ainda com uma sensação de surpresa e perplexidade.



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