11 a 17 Maio ´19
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Depois de um fim de semana tranquilo na pitoresca e extremamente turística Pisac, chegámos a Kallampas. Em Pisac aproveitámos as ruas de pedra, a feira de artesanato e o mercado local para provar todas as frutas desconhecidas, rendendo-nos a duas: a granadilha (um maracujá muito doçinho) e a Lucuma (que não tem comparação possível). Aproveitámos o almoço de Domingo para provar dois dos pratos mais típicos doPperú: chicharron e rocoto relleno. Já não estávamos habituados a ver povoações bonitas, organizadas, limpas e arranjadinhas!
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Segunda-feira entrámos em Calca com aquela incerteza já conhecida de “o que será que vem ai?”, mas que a esta altura do campeonato já não nos transmite insegurança senão apenas curiosidade.
Com um grupo de turistas que chegava para visita, entrámos em Kallampas, a planta de setas comestíveis.
De imediato fomos recebidos pelo Geronimo, que nos fez uma rápida tour pelo espaço e nos deixou logo a trabalhar. Ainda na mesma manhã chegariam a Luanda e o Awus, um casal uruguaio-argentino que seriam nossos companheiros nos dias seguintes. O Geronimo e a sua companheira são venezuelanos que se piraram da Venezuela para tentarem juntar dinheiro suficiente para irem até à Alemanha, ainda lhes pedimos uma opinião pessoal sobre a situação política da Venezuela mas é um tema que não têm muita vontade de explorar. A par dos humanos tínhamos também a companhia de duas cachorrinhas: a Timberly, uma dog argentino super carinhosa e fofinha e a Cala, um cão peruano sem pelo!!! Nunca tínhamos visto um cão sem pelo, é mesmo muito estranho, a sua pele cinzenta e enrugada é seca e áspera e tem um odor muito próprio, além de estar sempre quente! Apesar do toque não ser propriamente agradável a Cala era tão afectuosa que não conseguimos resistir a dar-lhe míminhos. Claro que a Levi não passou cartão a nenhuma das duas, e focou-se apenas a pedir aos humanos que lhe atirassem paus, pedras o que, no nosso último dia, acabou por desencadear uma bulha de ciúmes entre a Timberly e a Levi /:
A produção de cogumelos em sí revelou-se um processo aborrecidíssimo! Nada nas tarefas oferece o menor dos prazeres! É árduo, bruto, muito físico e definitivamente nada divertido. Começa-se por preparar as camas, misturando olha com agua, cal e gesso. Mistura mistura, molha mola, revolve! Ensaca-se em sarrapilheira. Estes sacos ficam uma noite a pastorear numa cabine super quente. Na manhã seguinte há que “semear” ou seja misturar o micelio com esta caminha de palha. Então, retiram-se dos sacos da pasteurização, deixa-se arrefecer, coloca-se o micelio por cima e mistura-se muito bem. Volta a ensacar-se esta mistura, mas desta vez em sacos de plástico perfurados. Estes sacos ficam 3 meses numa câmara escura, a desenvolver as bactérias e dai movem-se os sacos para salas com pouca luz, penduram-se e espera-se que brote o cogumelo. E repeat!!!
Assim, segunda-feira estivemos a tratar das camas, terça misturamos com o micelio, quarta foi dia de limpeza geral, quinta voltamos à preparação das camas e sexta à mistura. Portanto em termos de tarefas não há muito mais a contar! é um trabalho super difícil para fazer em escala industrial porque é tudo tudo manual, mas para produzir para uma família não parece tão difícil, o segredo está na preparação do micelio, pois é bastante delicado e cientifico (nós não aprendemos).
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Por sorte pelas tardes sempre tínhamos sempre entregas cogumelos pelas redondezas e a Luanda e o Awus para nos fazerem companhia. Engraçadissimos, sempre tinham histórias para partilhar e muita atenção ao bem estar de todos. Por eles conhecemos a melhor padaria do Peru: a Antojiyos em Urubamba, onde voltamos umas três vezes pela sua floresta negra, palmiers, croissants, línguas de sogra e biscoitos. Tomar banho também foi uma tarefa difícil pois não havia agua quente, era necessário ferver uns 4 litros no fogão, levar para o banho e rapidamente esfregar o estritamente necessário antes de se enregelar de frio.
O almoço ficou quase todos os dias a meu cargo - o que eu agradecia - e deleitamo-nos com cogumelos! Salteados, em rissoto, em nishimi, pizza ou sopa, todos os dias comemos cogumelos-ostras deliciosas (:
Com a Luanda e o Awus demo-nos tão bem que decidimos ir juntos até Cusco, sexta-feira depois do trabalho.
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Estávamos os 4 super entusiasmados com a viagem e ansiosos por sair dali, mas a vida tem os seus truques e na hora de sair…BAM ficamos sem bateria! Demoramos tanto a arranjar uma solução que quando finalmente fomos rebocados pelo único vizinho simpático já era de noite! Para eles não compensava estar a ir aquela hora e ter de pagar uma noite de hospedagem, por isso fomos só dar uma volta com o carro para carregar a bateria e voltamos a Kallampas, para passar a noite ai. Revelou-se uma ideia muito imprudente pois na manha seguinte o problema repetiu-se! Desta vez quando conseguimos dar arranque à carrinha nem vacilamos e fomos directos a Cusco!
Cusco é, provavelmente, a cidade mais bonita de toda a América do Sul. Nenhuma outra transpira tanta história como Cusco, que antes da invasão espanhola era a capital do império Inca. Mas isso, é história para outro post, pelas palavras do Pedro.
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