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Buenos Aires é...

Foto do escritor: CatarinaCatarina

Efervescente, rápida, intensa, fervilhante de vida!



Ficamos em casa do Rui e da Ceci, com quem partilhámos muitas ideias e sonhos. A cidade estará para sempre ligada à personalidade dos nossos dois amigos.


Do quartel general, em San Telmo, mostraram-nos os seus sítios favoritos da cidade: a arte em La Boca (os grafitis e a Usina de Arte), os bosques de Palermo, a happy hour do melhor bar de cerveja do bairro, a livraria do Sr. Fernando (onde não resistimos a investir no cultivo da nossa biblioteca), o mercado de Domingo (top!) e, a cereja no topo do bolo, o concerto e milonga do Café Vinilo.


Apanhámos a cidade em fim-de-semana prolongado, devido ao Carnaval, então conseguimos andar com a carrinha a fazer turismo, entre meio perdidos com os sentidos do trânsito (o nosso mapa não referencia esse ponto), fomos conhecendo as suas ruas e percepcionando como vai mudando a arquitectura e os seus habitantes à medida que vais indo para norte. O Rui explicou-nos que este facto deveu-se à epidemia de febre amarela que os soldados argentinos trouxeram na volta da guerra com o Paraguay, a zona habitacional, nessa altura, seria La Boca, mas, para não ficarem doentes, as pessoas com mais capital “fugiram” para norte e começaram a expansão da cidade.



A saúde a educação são completamente gratuitas na Argentina, o que para nos é inacreditável, e aproveitamos este facto para ir ao dentista, num dia feriado. Esperamos 10 minutos e fomos atendidos nas urgências, tendo só de dar os dados do passaporte e uma morada. Incrível!


Mas o que mais gostamos da cidade, foi, sem dúvida, a efervescencia da actividade cultural!


A usina de Arte, em La Boca, com toda a programação completamente gratuita, tinha um edifício pós-industrial incrível! E apesar de não ter nenhuma exposição vigente nesse momento, ficamos com vontade de assistir a um dos muitos concertos programados para todas as sextas e sábados.


Em Recoleta fomos ao Centro Cultural, e este foi, talvez o que mais nos espantou! Era um domingo, e o centro tinha mais gente do que um shopping em dia de chuva! Além disso, o seu programa educativo estava realmente voltado para o seu público alvo - jovem. O pátio estava ocupado com adolescentes a fazerem uma série de actividades: DJing, workshop de percussão, dança, etc. Uma das salas estava ocupada como espaço de leitura: tinha várias mesas desenhadas por algum designer e cheias de livros de arte para consulta no local. As pessoas usávam-nas também para estudar ou estar no computador. Outra das salas estava completa com atividades para crianças, criavam figuras em papel: coroas, espadas, escudos, toda uma profusão de papeis coloridos a saltarem, tesouras a abrir a fechar e cola a aglutinar tudo. Das exposições gostámos particularmente de um artista chamado Roberto Cortés que pinta uns quadros tipo Bosh moderno: super cheios, coloridos e com uma critica social e política muito fortes, várias referencias escapavam-nos, mas a intenção era bem perceptível.

À saída ainda passamos numa feira ide artesanato, e num parque repleto de pessoas, a matear e a ouvirem um concerto.


O outro centro cultural que visitamos foi o CCK, absolutamente inacreditável! Um edifício gigante, que por fora e na planta baixa faz lembrar uma antiga estação de comboios, mas com o detalhe de ter sete pisos abertos para um pátio central. No centro, aproveitando o espaço, tem uma sala para concertos em formato de baleia metálica gigantesca, é realmente surreal.

Tinha uma exposição fotográfica sobre o carnaval em Jujuy, que nos fez ter pena de não estarmos lá. O quarto e quinto pisos estavam ocupados com arte contemporânea experimental, e o sexto e o sétimo tinham uma exposição de artistas internacionais, organizados por um artista argentino, desta forma, vimos obras da Agnés Varda, Patti Smith, David Linch, Hiroshi Sugimoto, Nan Goldin, entre outros. A entrada é livre também.



O único museu que pagamos entrada (120 pesos cada um) foi no Malba (latino-americano). E valeu muito a pena! Tinha uma exposição sobre a vanguarda mexicana, obviamente com originais da Frida, do Diego, mas também com outros que não conhecíamos e nos surpreenderam, como o David Alfaro Siqueiros (foto acima) Ficamos com muita vontade de estudar mais sobre a arte no México, não sabíamos que tinha tanta produção e uma importância e presença político-social tão forte.


Agora, o tango. Fomos ao cafezinho mais incrível, o Vinilo, que nos brindou com uma incrível orquestra de tango, a Orquesta Victoria, à la gorra (donativo livre), com músicos muitos jovens, tinham interpretações e produções bastante interessantes do tango original. Também conseguimos ver a milonga e partilhamos uma picada vegetariana maravilhosa.


Por fim, as livrarias:

Não podemos não falar da Galerna San Telmo, a livraria do Sr. Fernando, um argentino muito italiano, que falava cheio de gestos e um sorriso na cara. Apaixonado pelo Porto, prometeu abrir uma livraria connosco, caso fosse morar para Portugal. Seria numa casa alugada, com livros espalhados pelas divisões e os vários quartos seriam alugados para eventos comunitários! Ele já tinha tudo pensado, só lhe faltava mesmo conhecer-nos! Foi também engraçado, darmos por nós em BA a ter uma conversa que com muita frequência temos no Porto: o ridículo em que se tornou a livraria Lello! O Sr. Fernando também estava revoltadíssimo!!



E temos de falar da livraria Ateneo. É i-na-cre-di-tá-vel. Uma livraria dentro de um antigo teatro, com livros desde a plateia até aos balcões. O palco estava ocupado com um cafezinho. Podíamos ter ficado um dia inteiro lá dentro, a descobrir novos livros.



No dia dos namorados, o nosso ultimo em BA, aproveitamos para ir à Catedral do Tango, e assistimos a uma aula de tango e uma milonga um pouco cansada na verdade.

Buenos Aires foi muito boa para nós, e, quem sabe, talvez voltemos para estudar!

Ah! O Rui gere um projecto proprio de confecção de comidinha maravilhosa: Nu • trir


9 a 14 de Fevereiro, 2018

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