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Bem... o Machu Picchu!

Foto do escritor: PéterPéter


Fomos de carro até uma estação hidroelétrica, ai devíamos deixar a nossa casa por duas noites para ir visitar o tão famoso machipuchu. para nossa surpresa e encanto, o caminho de Cusco até ai foi um dos mais bonitos que já percorremos. Logo pelo início fizemos uma pausa nas famosas Salinas no Vale Sagrado.




Desde Copacabana, na Bolívia, que nos vínhamos sempre a cruzar com um casal Suíço que viajava numa T4 também. Apesar de aparentarmos a mesma idade e partilharmos o mesmo carro, parece que o nosso modo de viajar era algo distinto. Um dos pontos que nos chamou a atenção foi o facto de a nossa carrinha transbordar de tralha quer por fora quer por dentro, enquanto que a dos nossos amigos estava limpa, organizada e quase nova!



Pela tarde, subimos ao topo de uma alta montanha, onde segundo a senhora a quem compramos milho com queijo para lanchar, aquele nevoeiro cerrado que nos rodeava não dava tréguas todo o ano. A tremer de frio e de espiga na boca, lá iniciamos a descida vertiginosa daquela gigante montanha. Do outro lado, esperávamos a selva. O frio da montanha que se entranha nos ossos deu lugar aquele bafo que se cola à pele, típico das zonas tropicais. Os eucaliptos foram substituídos por bananeiras e o api quente foi prontamente substituído por uma cerveja ao final da tarde. Chegamos a Santa Teresa, o último pueblo antes da hidroeléctrica, já de noite. Ao contrario de Cusco, as propagandas luminosas encandeavam a escuridão. Fomos procurar um lugar para comer algo numa rua principal praticamente às moscas. Nós que sempre gozamos com os turistas que passam a vida a comer pizza, acabamos a comer uma também. A segunda no Peru.





No regresso ao carro encontramos uma pequena cadeirinha aos ligue-cagues na rua. Claramente passava mal. A avaliar pelos seus sintomas tinha sido envenenada. Juntamente com uma menina que se aproximou pusemos mãos à obra numa operação de salvamento. Demos-lhe atarvez de uma seringa diluído em agua oxigenada e juntamente com a ajuda de massagens no estômago a pequena cadela lá conseguiu vomitar. Muito fraca e sem forças para sequer beber agua deitado-a junto penes do carro envolvida na manta da levi (acho que ainda hoje a Levi tem saudades da sua mantinha!). No dia seguinte, ainda debilitada, parecia reagir um pouco melhor, ficou ao cuidado da menina que nos ajudou na noite anterior e cujo pai, dono de uma mercearia, nos brindou com um grande cacho de bananas! um gesto nobre para felicitar um gesto nobre.




A meio da manhã, começámos a caminhada de 12 quilómetros que nos levava até Águas Calientes. O caminho é muito bonito e conversa puxa conversa, entre projectos futuros e pérolas do passado, acabámos por chegar num instante. Quem mais adorou foi a Levi que de mochila às costas era uma autêntica cadela backpacker.


Dormimos num hostel pet-friendly com banho realmente quente - muito importante - e na manhã seguinte decidimos contrariar a dinâmica que tende a ser geral: em vez de madrugarmos para passar o máximo d tempo possível no machu picou decidimos aproveitar um pouco mais a cama e fizemos a caminhada mais tarde, chegando ao alto da montanha ao meio dia. O trajecto é bem íngreme, com degraus de pedra muito espaçados e irregulares, rasgando a selva em curvas apertadas e presenteando-nos com vistas maravilhosas para as montanhas adjacentes.


Lá no alto sentido-nos como guerreiro vitoriosos que superaram todos os obstáculos para chegar ao topo. Comemos o pic-nic junto à porta de entrada, depois juntam-nos a um grupo com guia e iniciamos a visita. Sai um pouco mais caro mas contratando um guia as pedras deixam de ser só pedras e passamos a conhecer toda a (suposta) história por trás. Digo suposta porque muitos outros povos os Incas não tinham manuscritos. Há pouca informação formal sobre a cultura destas civilizações. Alguns elementos da cosmovisão andina que são idênticos entre incas, quíchuas, tiwanacos, amarras, entre outros. Por exemplo, todos veneravam o mesmo deus: o Sol, todos davam importância à dualidade masculino-feminino e todos concebiam o mundo em três planos: Hanan Pacha o mundo de cima, celestial, Kay Pacha o mundo da terra, presente e Uku Pacha o mundo de baixo, dos mortos e dos espíritos. Isto faz com que se por algum acaso ou feliz coincidência, três pedras estiverem próximas umas das outras numas ruínas automaticamente arqueólogos e guias afirmam que representam sempre esses mesmos três planos, digamos que para algumas interpretações há um trabalho de imaginação algo rebuscado. machu Picou é de facto incrível.



Ruínas à parte, o lugar fascina logo pela sua localização. É enquadrado num vale, no cimo de uma colina, que por sua vez está entalada entre outras um pouco mais altas. A sensação quando olhamos ao nosso redor é muito estranha, completamente fora do normal. Uma coisa aé certa, apesar de não ser muito comodo, dá mesmo vontade de viver ali. Entre pedras, teorias, alpacas e as selfies do casal que dividia a guia connosco, o tempo passou a voar.


Exaustos e maravilhados, brindamos-nos num restaurante chinês (os chamados chifas). Dos vários onde fomos (e nunca vimos um chinês) este ganhou d longe. A comida era realmente boa e não existia a típica televisão aos berros.


Na manhã seguinte, sim, acordamos e começamos a caminhar cedo. Pelo caminho conhecemos o Nathan, um rapaz que meteu conversa e não parou até ao fim, viajava de bicicleta e mais ou menos ao mesmo tempo que nós. mas ao contrario de nos ele tinha um destino e um objectivo definidos: assistir ao eclipse de 2 de Julho no deserto do Atacama. Este McGyver, para nossa surpresa tinha apenas 18 anos.

No regresso voltamos a passar em Santa Teresa. Para nossa alegria a cadelinha tinha sobrevivido! Segundo o que nos contou a menina, passado um dia despertou com energia e desatou rua fora em direção a sua casa, certamente. estamos convictos que não nos mentiu, mas nunca se sabe. Ahahaha. Bem, para todos os efeitos o final da história foi feliz. É o mais importante.

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