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Volta Diamantina

Foto do escritor: PéterPéter

Despedimo-nos no cais de Camamu com um abraço prolongado. Não trocámos grandes palavras. Nenhum dos dois tinha vontade de fazer do momento algo marcante. Não tinha dúvidas desta escolha. No entanto, regressando para o carro, o meu coração apertou-se a cada passo. Já na estrada, evitei perder-me em grandes reflexões e tratei de me entreter com o Pau, que no banco do lado e de violão na mão, transformava clássicos da MPB em ritmos sevilhanos. O Pau é um catalão separatista, que conhecemos durante as duas últimas semanas na Aldeia. Juntos rumávamos para a Chapada Diamantina, lugar de espiritualidades e com a fama de que todo o viajante acaba por se perder no tempo.



Demorámos dois dias até chegar ao Vale do Capão, uma espécie de capital holística da Chapada. Até lá fomos dormindo em estações de serviço, debaixo da asa e da ideia de protecção que a presença dos camiões transmite. Algo bem típico quando se viaja de carro pelo Brasil, longe das capitais do turismo. Durante o dia enchíamos a cabine da carrinha com conversa e música ao vivo. Falando das nossas experiências pessoais e do percurso individual da viagem de cada um, a certa altura o Pau partilhou algo que de vez em quando lhe vinha à cabeça, quando alguma coisa não lhe corria bem: “Porque raio não fiquei na Catalunha a dar aulas de piano e me vim meter aqui?”. É engraçado, porque tal interrogação nunca me havia passado pela mente: “Porque não fiquei onde estava?”. À noite, desenrascávamos um jantar de campismo e dormíamos lado a lado, eu e o Pau.


Como já devem ter percebido, foi uma semana de alguma complicação para mim, em relação à comunicação. Em Catalão, Pau significa Paz. Mas em português e, especialmente, no Brasil, o nome vê o seu encanto um pouco perdido. Para minha sorte, o Pau era tão divertido, como as brincadeiras que dá para fazer. Pronto, esta também não suou da melhor forma!



Chegamos ao final da tarde ao Vale do Capão. O Vale é pouco maior que duas ruas paralelas. Na principal, estendem-se os hosteis, restaurantes, agências de tours, cafés e os demais serviços. Tudo é bastante alternativo, chamemos-lhe assim. No entanto, sente-se que o lugar já se desprendeu um pouco daquilo que seria a sua essência original, eu suponho. Não obstante, é um lugar bem bonito, rodeado de montanhas e uma energia especial no ar. No dia seguinte, fomos fazer uma caminhada até à cascata da Fumaça, a maior do mundo em queda livre. O caminho para lá chegar não é difícil, principalmente quando a conversa se estende do carro para a Natureza. Fizemos um piquenique na falésia escarpada da montanha com a companhia do Aníbal, um pequeno pássaro que, oportunamente, se deixou ficar por ali, quando percebeu que no final iriam sobrar umas boas migalhas de pão. A altura total da cachoeira é de 400 metros! Para comprovar esse fenómeno bem de perto, é possível abeirarmo-nos duma pedra que se estende para lá da falésia. Desde essa pedra se pode olhar para baixo - sem nenhuma barreira visual - estendendo-se um precipício de meio quilómetro sob os nossos olhos. As árvores, que se adivinham ser gigantes, não têm mais do que meio centímetro lá em baixo, onde nem se vê a água cair, apenas a humidade que esta cria, daí o nome da cachoeira.



Na descida da cachoeira, páramos numa lanchonete para lanchar. Aí descobri um dos melhores caldos de cana do Brasil e, tão precioso quanto isso, acesso à internet sem ter que pagar (para lá do consumo, claro). Pois, já pela manhã tentara avisar a Catarina que estava vivo, mas os bares e hosteis onde pedi para conectar por um minuto, reencaminharam-me para a Lan House, onde obviamente tinha que se pagar, mesmo só querendo mandar uma mensagem no WhatsApp. Ao final da tarde, fomos ao boteco da praça beber uma cerveja. Como a conversa estendeu-se da Natureza para a esplanada, acabamos por lá ficar até anoitecer. Sem que tivesse dado conta, juntamo-nos à mesa do lado, onde um grupo tocava violão e percussão improvisada com objectos em cima da mesa. As cervejas atropelaram-se e por ali ficamos conversando, tocando e cantando. No final, levantamo-nos meio trôpegos e dormimos ali mesmo na praça, pois eu já não tinha “disposição” nem para mudar o carro de lugar.


Acordámos ao meio-dia e com ressaca. Duas coisas que já não me aconteciam aos anos. Engolimos um ananás ácido e gostoso, enquanto a Levi se entretinha a demonstrar, aos guias turísticos na praça, as suas capacidades de apanhar e trazer o pau (não o Pau, como devem ter percebido…). A esse eu deixei-o à porta do camping, onde iria ficar alguns dias, e despedimo-nos com a promessa de que certamente nos cruzaríamos pela vila. Não que eu quisesse ver o Pau pelas costas (outra frase que também não suou bem), mas estava com vontade de ficar sozinho. Durante quase um ano de viagem ainda não tivera essa experiência, a de estar só. E, afinal, esse era um pouco o propósito desta semana de separação. Assim como aproveitarmos esse tempo distantes um do outro para (re)pensarmos alguns aspectos da relação entre ambos e de cada um enquanto indivíduo. Com esses propósitos na cabeça, procurei um lugar isolado no meio da montanha, um pouco mais alto e afastado do Vale do Capão. Encontrei um descampado com vista panorâmica para as montanhas que se estendiam até perder de vista. Puxei uma cadeira, sentei-me e liguei o cérebro, pronto para reflectir, então. Olhei a paisagem por cinco minutos, mas na minha cabeça apenas o silêncio persistiu. Procurei algum afazer para me distrair. Sacudi as almofadas e os lençóis. Aproveitei para sacudir os colchões também. “Já agora, vou dobrar e arrumar esta roupa”, “aquilo também está meio desarrumado”; e assim acabei a limpar os móveis, a pia, os bancos da frente, a varrer o chão e passar-lhe um pano molhado. Resumindo e concluindo, sozinho apenas com a música aos berros, acabei por me entregar a uma tarde de limpeza, fazendo um karaoke do fundo dos pulmões sem vergonha nenhuma, uma vez que ali só os pássaros e o mato me podiam escutar.




Pela noite, passei no boteco da praça para comer uma coxinha de queijo, pois eram maravilhosas. Alguns rostos conhecidos, já me acenavam ou cumprimentavam num esgar. De alguma forma, percebi o quão fácil é, então, ficar por aqui. Criar uma rotina agradável, ter os amigos de esplanada e outros eventualmente mais íntimos. O próprio ambiente na vila é de familiaridade, caseiro até. Acredito que seja esse o principio que leva os viajantes a ficarem “só mais um dia” durante meses. E, claro, os locais em redor, entre cachoeiras e trilhas, não faltam. Só a trilha até ao Vale do Pati leva uma semana.


Na manhã seguinte, decidi ir visitar a cachoeira da Purificação. Um pouco mais afastada do centro, o caminho até lá era feito duma estrada de terra e buracos. A meio do mesmo, vi-me obrigado a dar meia volta. Um carro havia atolado mesmo no meio da faixa única, e ninguém conseguia passar nem para um lado nem para o outro. Era a segunda vez que algo parecido acontecia. Já na trilha da cachoeira da Fumaça, a certa altura, uma ponte pedonal terminava em…água. Ou melhor, a ponte não estava terminada, sendo preciso molhar as pernas até aos joelhos para seguir a trilha. Reti estes dois acontecimentos na cabeça e mudei de planos. Fui, então, visitar a cachoeira do Riachinho.



Uma queda de água pequena, mas bem bonita. Aos seus pés, uma bacia de água gelada se abria e convidava ao mergulho, para fugir do calor. Como se fosse uma tela de cinema, de frente para a cachoeira, abria-se entre as pedras, uma vista panorâmica para a Chapada. A vontade era de ficar ali sentado e deixar o tempo passar sem dar por isso. A ideia é muito romântica, mas a verdade é que não estava com paciência para isso. Via-me um pouco irrequieto. Depois de uns quantos mergulhos, fui embora. Enfiei-me no carro em direcção a Guiné, tinha visto no mapa que uma pequena estrada atravessava esta povoação para chegar a Mucugê, uma outra vila que me tinham aconselhado a visitar. Decidi arriscar. A estrada era de terra macia e fazia-nos contornar as montanhas pelo seu lado direito. Foi um trajecto muito bonito.



Depois do almoço, dei continuidade às tarefas domésticas e dei por mim a lavar roupa no rio. Não sei que se passou. Mas acho que se houvesse um ferro e uma tábua, nesses dias, eu tinha até passado roupa a ferro. Pressupus que me ia entregar a profundos pensamentos, neste tempo que estava sozinho. Projectei a minha imagem relatando no diário o fruto de estrebuchados raciocínios filosóficos. Mas não. A verdade, é que ao meu corpo não lhe apetecia nada disso e a minha mente não estava com vontade nenhuma de abandonar o momento presente e virar-se para si própria. Tarefas terminadas, arranquei em direcção a Iguatu, outro povoado pequeno que aparecia no mapa e sobre o qual eu tinha lido algures que era digno de uma visita. Depois de subir uma encosta apertada, entre curvas e mais curvas, cheguei ao centro da pequena vila. Lá tudo era apertado. Nas ruas não passavam dois carros, nos passeios não passavam duas pessoas. Parecia o “Brasil dos pequeninos”. Escolhi aleatoriamente o pátio duma casa que parecia simpático e tinha um letreiro rústico escrito à mão. Entrei no patamar de entrada da sala e pedi um café à senhora. Sentei-me numa das mesas do pátio a ver a “banda passar, cantando coisas de amor” até me aborrecer. Próxima paragem: Andaraí.


Desde Iguatu, a estrada não era tão simpática, era bastante peculiar, na verdade. Depois de abandonar a estrada principal, iniciava-se a descida duma ladeira. Aquilo que era uma estrada de terra, virou uma estrada de pedregulhos, e aquilo que eram pedregulhos viraram pedras gigantes, e, por fim, aquilo que era uma estrada começou a ganhar um contorno de escadaria. A certa altura, duvidei seriamente se me teria enganado em algum ponto. Mas olhando para o mapa e para o caminho já percorrido, parecia impossível existir margem para equívocos. O caminho eram sempre em frente, sim ou sim. Distraído com estas (des)orientações fui surpreendido por um céu como nunca tinha visto. À minha frente no horizonte o céu dividia-se numa linha recta perfeita, e eu estava - também perfeitamente - alinhado com essa linha. Assim sendo, à minha esquerda iniciava-se uma tempestade de relâmpagos, um cenário que parecia tender a ser apocalíptico. E, por sua vez, à minha direita o céu aberto e sem nuvens prometia um final de tarde perfeito e uma noite ainda mais agradável. Sem perceber por onde me estava a levar aquele caminho insólito, a minha única preocupação era que os “degraus” não ficassem cada vez mais altos.



Finalmente, desaguei numa curva apertada duma estrada principal, e essa, sim, levou-me exactamente em direcção…à tempestade que tendia ser apocalíptica! E confirmou-se. A chuva começou para só parar no dia seguinte. Embora ainda não estivéssemos perto do anoitecer, o céu escurecia cada vez mais. Ao meu lado direito, os patanais da margem do rio Paraguaçu inundavam-se à velocidade da luz. Sem grandes condições para explorar Andaraí, procurei a estação de serviço com o objectivo de fazer qualquer coisa para jantar e aí dormir. Infelizmente a estação era super desagradável: completamente desnivelada, entalada entre duas estradas, barulhenta e demasiado suja. Saí do carro, olhei em volta e não me deu vontade nenhuma de ficar ali nem mais um segundo. Arranquei com a esperança de encontrar outro lugar, um pouco mais isolado, já depois da cidade. Não fui muito longe. Bastou-me andar quinze quilómetros e começaram a aparecer cada vez mais árvores caídas no meio da estrada, até que uma fila de carros apareceu no alto duma subida. Haviam caído tantas árvores que a estrada estava interrompida. Pelos relatos que se faziam ouvir, tão cedo não se resolvia o problema. De maneira que tornei a dar meia volta e fui mesmo dormir à estação de serviço. Quando lá cheguei a luz tinha ido a baixo, menos mal, era menor a confusão. E assim acabou o meu dia, com mais um caminho inacabado.



Eu gosto de interpretar estes acontecimentos que por vezes surgem sob um contexto adequado e parecem querer metaforizar algo. O significado que lhes atribuí neste caso, foi de que estar longe da Catarina não era o caminho a ser percorrido. E assim, nos dias seguintes, dispensei-me de forçar as reflexões que todavia não surgiam na minha cabeça. O universo e a sua força divina já o tinham feito por mim, dando-me as respostas de livre e espontânea vontade. Até a Levi "psicossomou" a saudade da Catarina através duma lesão na pata esquerda e passou o resto dos dias como se poder ver:



Despertei ainda mais cedo que o normal. O plano era ir visitar o Poço Azul, um pequeno lago dentro duma gruta, onde por uma abertura entre as pedras, o Sol penetra a escuridão e ilumina a água, dando-lhe uma transparência super translúcida e colorindo-a com um azul celestial. Perfeito! “É um pouco caro, mas deve valer a pena”, pensei eu! Distraído a espreitar para o céu, quase atolei o carro um par de vezes. A estrada ainda estava muito enlameada, mas eu procurava perceber se o tempo abriria ou não. Avistavam-se algumas nuvens e não me parecia que o Sol fosse aparecer tão cedo. Tomei o pequeno-almoço e deixei a Levi correr. Tentei fazer um pouco de tempo, mas ao lavar a loiça comecei a reparar no quão desarrumada estava a gaveta dos talheres e, antes que me desse de novo para as tarefas domésticas, achei melhor voltar à estrada. Quando cheguei ao Poço Azul, o Sol ainda não tinha saído. Depois de comprar o bilhete, comentei com a senhora do balcão, que não parecia um bom dia para ver o fenómeno do Sol, pois o tempo estava fechado. Foi então que ela me disse que, mesmo que o dia esteve bonito, eu não assistira ao fenómeno, pois ele ocorre apenas em Julho, ou seja, daí a meio ano!

Olhei para o pouco troco que tinha sobrado na mão e fiquei azedo! Lá dentro fizeram-me tomar banho ao ar livre de água gelada, para limpar o corpo antes de entrar no poço, mais azedo fiquei! Antes de descer as escadas que levavam ao interior da cavidade, por auto comiseração, ainda fiz o mesmo comentário com um dos funcionários, na esperança que ele me dissesse, que apesar de o dia estar uma merda, o Poço seria bonito na mesma. E foi exactamente o que ele disse, aquilo que eu queria ouvir! No entanto, bastou-me descer um lance de escadas, para perceber que o melhor que eu poderia ter feito era ter levado uma lanterna, porque não se via porra nenhuma lá dentro!


Decidi brindar-me com um almoço fora. Afinal de contas era domingo, o tempo estava triste e a fome já apertava. Recuperei a estrada que vai em direcção ao Vale do Capão, tendo então concluído a volta completa à Chapada Diamantina. Parei num restaurante de estrada, no qual já tinha reparado na primeira vez que passara nessa estrada. As minhas suspeitas confirmaram-se. Estava cheio de carros à porta, era bom sinal. Servi-me dum self-service com balança. Caí naquele erro de “vou só comer mais um pouco” e quando o meu organismo se deu conta estava empanturrado. Com a barriga a forçar o elástico dos calções, fui fazer a digestão para o morro do Pai Inácio. Esta é uma colina onde do seu topo, muito para além da Chapada, se pode avistar a Bahia até perder de vista. O nome provém duma mito que se conta. Pai Inácio seria um escravo que se enamorou pela filha dum fazendeiro. O casal começou uma relação às escondidas até ao dia em que foram descobertos. Aí foram perseguidos pelos capangas do fazendeiro, e fugiram até se verem encurralados no cimo daquele morro. A um passo do precipício decidiram saltar. Quando os capangas espreitaram não encontraram os corpos, nem do Romeu, nem da Julieta - versão colonialista. Concluíram, portanto, que haveriam morrido por entre a floresta lá em baixo. Contudo, conta a lenda, que Pai Inácio consigo trazia um guarda-chuva e que o abriu no momento da queda. E assim se salvou o casal proibido, sendo felizes para sempre (suponho eu).



Terminei o dia em Lençóis, uma vila muito bonita à entrada da Chapada Diamantina. Passeei-me um pouco pelas ruelas do centro, comprei qualquer coisa na mercearia e fui fazer o jantar. Lá fora continuava a chuviscar. Entreguei-me à leitura até adormecer. No dia seguinte, parti rumo a Salvador. O combinado seria encontrar-me com a Catarina ao final da tarde. Pus o pé no acelerador, a saudade já falava mais alto. Estes dias foram refrescantes - em todos os sentidos - mas estava na hora de retomar a minha vida. Era disso mesmo que se tratava. Por mais que tenha adorado a semana, confesso que de alguma forma me senti sempre um pouco estranho, como se não fosse natural estar sozinho. E talvez não seja mesmo. Nesse mesmo dia, iríamos concluir que esta era uma boa estratégia. Quando aparecer de novo o contexto indicado, talvez nos separemos de novo temporariamente. Este afastamento revelou-se bastante saudável, não só no tempo em que estamos sozinhos, como nos tempos depois de voltármos a reunirmo-nos.



Para terminar as aventuras, fui abordado por uma senhora, depois de ter parado para almoçar algo rapidamente. Perguntou-me qualquer coisa que não percebi muito bem, mas deduzi que queria uma carona. Estava com a sua neta, juntas subiram para o carro e levei-as comigo, não sabia exactamente para onde, nem por quanto tempo, consequentemente. A senhora, que nem o seu nome eu consegui compreender, tinha um sotaque cerradíssimo, como eu nunca tinha escutado antes. Percebi que morava num assentamento MST (Movimento Sem Terra) e que tinha ido a Itarebaba visitar o seu pai que estava doente. A viagem não durou mais de meia hora. Ainda ultrapassamos o autocarro que ela tinha perdido, e ela mandou um berro ao motorista, avisando-o de que, afinal, iria chegar primeiro do que ele! No final, com muita naturalidade, perguntou-me quanto me devia. Ao aperceber-me da oportunidade, pedi-lhe 50 reais pela carona, assim recuperava o dinheiro do Poço Azul! Estou a brincar… Obviamente, disse-lhe que não me devia nada. Ela insistiu. Eu contestei que tinha valido pela companhia, mais nada tinha que me dar. Emocionada a senhora desejou-me que Deus me abençoasse no resto meu caminho.

1 Comment


Dulce Carvalhinho
Dulce Carvalhinho
Apr 03, 2019

Que filho que eu tenho, meu Deus!!!! Tudo isto que não canso de ler ,tem que ser mostrado ao mundo!!! É simplesmente fantástico!!!!


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