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Uyuni-Dakar: Etapa Tupiza

Foto do escritor: PéterPéter

18 de Junho, 2018



Bom dia senhoras e senhores, sejam muito bem-vindos à transmissão da prova Uyuni - Dakar! Eu chamo-me Don Pedrito Gonzalez e vou estar com vocês ao longo desta emissão, onde pudemos também contar com os comentários de Catalina Martinez, a nossa repórter no local:


“Olá Don Pedrito, estou neste momento junto à Patassaura a famosa carrinha da “pareja” portuguesa. O mundo está com os olhos postos nesta equipa, ansiosos por saber como se sairão! A carrinha está lavada e parafinada, tudo parece estar pronto para a partida. Falava há pouco com a dupla de viajantes, explicavam-me que já baixaram os mapas topográficos da internet, mas neste tipo de competição há sempre espaço para imprevistos. Contudo, não se mostram preocupados e garantem ter tempo e paciência para lidar com os obstáculos que possam vir a surgir pelo caminho.”


O ambiente está ao rubro. Falta pouquíssimo tempo para se dar início à travessia do sul da Bolívia! Fique connosco, voltamos já a seguir à publicidade, não saia daí!



E a prova já começou! Os viajantes encontram-se a percorrer os primeiros quilómetros. Como as indicações no iOverlander prometiam, a estrada está asfaltada. O piso ainda cheira a fresco e o pavimento negro contrasta com a paisagem arenosa ao longo do caminho. Parece um prazer percorrer esta estrada. Enquanto a Patassaura avança em velocidade mediana, os guanacos aproximam-se da berma. Estes bichos de feições preguiçosas parecem, também eles, terem grandes expectativas quanto à prestação da equipa da Rechousa. Peço ao realizador na regie, se possível, para passar uma das imagens ilustrativas deste momento.




E já chegamos ao troço dos primeiros desvios. As placas avistam-se bem e a grande distância. Não há margem para erros de leitura. As autoridades bolivianas cumprem o seu papel! Estes desvios são pequenos trilhos de terra mesmo ao lado da carretera em obras. Não há dúvidas, nem há que enganar: é só seguir as placas. E por falar nisso aí está outra! Este desvio parece um pouco maior e, entretanto, já se perdeu a estrada principal de vista. Mas não há problema, com certeza que já se retoma mais à frente. Bem… e parece que vai ser necessário atravessar um rio. A equipa pára mesmo em frente ao limite da água. Que tens a dizer Catalina?



“A equipa está calma por enquanto, Don Pedrito. Simplesmente estão a escolher o melhor percurso para a travessia do rio. Parece-me ter existido a possibilidade de atirar um pau ao rio, para que a Levi o vá buscar e se consiga, então, perceber com que tipo de profundidade estão a lidar. Mas creio que não vai ser necessário! A análise a olho nu deixo-os confiantes e vão avançar!”


Cruzaram o rio como se dum 4x4 se tratasse! Já seguem na outra margem a desbravar terreno. É incrível a quantidade de pó que se levanta. O solo é de terra, mas é bom. Não há muitos buracos e o piso está macio. Apenas por vezes se encontra algumas poças de areia, mas nada que faça os pneus, um pouco em baixo da carrinha, perderem a tracção.


“Calma, Pedrito! As partes arenosas estão a aumentar! O estado da situação não promete melhorar e… confirma-se! A estrada converteu-se toda em areia. Não vai dar! Não vai ser possível avançar mais!”


É de facto uma lástima, mas a equipa não se deixa ir abaixo, eles não saíram da Rechousa para desistir ao primeiro obstáculo! Metem marcha-atrás e procuram um sítio seguro para inverter a marcha. Com sucesso! Esta na hora de encontrar uma alternativa e fazem-no tomando um atalho à direita. A solução é prometedora lá ao fundo já se consegue avistar a estrada asfaltada novamente. Avançam sem medo! Mas que pena, meus amigos… O atalho foi dar a um banco de areia gigante novamente. E agora?


“Saíram juntos do carro e enquanto comem bolachas, parecem estudar a situação. Pisam a areia com força, parece haver partes mais rígidas, mas o risco é grande. Afundar aqui o carro significaria um dia perdido na estrada até chegar ajuda.”


E decidem não arriscar. Voltam 20 km’s para trás até à ultima aldeia. Procuram indicações, mas que sorte! Um senhor vai agora mesmo para a estrada asfaltada e convidou-os a seguirem-no. Parece uma boa solução.



“Parece e é! O que se passou, de facto, é que o último desvio assinalado na estrada principal era falso. A placa estava lá mas simplesmente era suposto ignorá-la e seguir-se em frente! Parece que a “pareja” portuguesa já aprendeu uma lição”.



De volta ao caminho agora sem mais enganos. Há que pensar na “pole position” e recuperar o tempo perdido. O resto da etapa prometia acontecer sem grandes percalços, talvez por isso a equipa tenha subestimado o troço e agora, a poucos minutos do pôr-do-sol, tornou-se a perder por entre os desvios. Catalina Martinez, verdade seja dita, as autoridades Bolivianas não fazem ponta de ideia do que andam para aqui a fazer! Esta sinalização é de loucos!


“É verdade, Don Pedrito! A poucos quilómetros do fim, a etapa tornou-se labiríntica e - não me perguntes como - está a revelar-se impossível reencontrar a estrada principal. A equipa está de novo junto a um rio. Pelo comportamento, consegui perceber que foram pedir informações a um casal que está a lavar a roupa no rio. Vamos aguardar para saber então o que este casal tem para dizer... Inacreditável! Com a maior das naturalidades, o casal afirma que o caminho mais fácil é mesmo ir aos ziguezagues atravessando o rio até chegar a Tupiza! Eles levam a mão à cabeça!”


Mas que loucura, meus Deus! A noite está a espreitar e não há tempo a perder. Rumam rio fora! Por sorte, a corrente está baixa e as 3 ou 4 travessias que têm que fazer não são muitas fundas. Finalmente, chegam a Tupiza! Vão directos para o primeiro hotel em seis meses de viagem! É um descanso merecido! O Hotel é simples e limpo e os donos muito simpáticos. Agora há que restabelecer forças e comer o pequeno-almoço que está incluído no preço.

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