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Uyuni-Dakar: Etapa Tarija

Foto do escritor: PéterPéter

19 de Junho, 2018


Estamos de volta à transmissão daquela que é a etapa mais aliciante desta corrida. A não esquecer: a nossa dupla de viajantes está a atravessar o sul da Bolívia rumo ao Paraguai. Recordo que o troço de hoje é particularmente especial. Para evitar ir até Potosí e tornar a descer tudo até ao Sul do país, a equipa decidiu tomar uma estrada secundária da qual não há informação nenhuma sobre o seu estado na internet. Vão completamente às escuras! Podem encontrar o inferno ou o paraíso pela frente!


“Don Pedrito, falei à pouco com a equipa. O pequeno-almoço do hotel era muito bom. Acordaram bem dispostos. Depois duma noite numa cama gigante para os dois, tomaram um banho refrescante. Agora já se nota a subida da temperatura em relação ao frio avassalador do Uyuni. Encheram o depósito de água e despejaram a sanita na casa de banho do hotel. Roubaram o papel higiénico para reduzir custos e já se encontram na estrada!”



Lá vão eles Bolívia fora! Mais destemidos do que confiantes, esta é uma das equipas que mais…


“Don Pedrito, desculpa interromper, mas chegou-me agora a informação que a menina da portagem garantiu que este troço não é assim tão complicado. Ela falou com segurança, o que tranquilizou os viajantes e a Patassaura também.”



Bem…vamos lá ver o que acontece. Para já estamos perante uma estrada de terra que se inclina numa subida que não parece querer parar. E não pára. E não pára. Sempre a subir. Segunda engatada, não dá para imprimir mais velocidade. As curvas começam a surgir. Lá vem uma, lá vem outra. Cuidado aí, equipa! Estamos perante ganchos sinuosos. A visibilidade é reduzida e pode vir alguém de frente. A Patassaura não perde força, mas perde gasóleo quase ao dobro do ritmo! E… finalmente a subida acabou! Como se sentem os nossos viajantes, Catalina Martinez?



“Don Pedrito, as circunstâncias não são as melhores. Estamos perante uma subida muito grande de altitude num curto espaço de tempo. Há pouco tentava falar com um dos membros da equipa, mas este mal me ouvia por ter os ouvidos entupidos. Entretanto, puseram a Levi fora do carro. Não sei se será por uma questão de perder peso para a subida ou se simplesmente porque ela estava histérica a guinchar de excitação dentro do carro, como às vezes acontece. Muito provavelmente foi a segunda opção.”



E está claro, que quem sobe tem que descer, não há outra volta a dar. As curvas e contra-curvas repetem-se, agora junto a precipícios. A estrada até é larga, mas há momentos em que a roda se aproxima demasiado da falésia. Que visão petrificante! Dum lado os grandes muros de pedra do desfiladeiro, do outro lado o vazio! Há que deixar o carro ir engatado numa mudança baixa e dar um cheirinho no travão. Não se pode cair no erro de estar sempre a travar ou daqui a nada cheira a queimado em casa dos nossos espectadores!



“E há sempre mais qualquer coisa a complicar o problema! A estrada que até agora era quase deserta, tem neste momento um tráfego relativo de camiões. São momentos de grande tensão que se vive aqui junto aos nossos protagonistas, Don Pedrito. Para que o senhor espectador lá em casa perceba melhor do que estamos a falar, passo a explicar: os camiões circulam do lado de dentro da estrada, enquanto que os nossos viajantes do lado de fora. Logo quando se avista um camião a poucos curvas de distância, há que acelerar ou travar de forma a que se encontre o mais rapidamente possível um pedaço da estrada onde os dois possam caber lado a lado!...”



Caso contrário, meus amigos, não estejam à espera que o camião que vem a subir aflito, vá parar por causa da equipa portuguesa! Não, senhor! Mas está tudo controlado. A verdade é que a adrenalina corre no sangue e esta é uma experiência única! A luz do pôr do sol é dum laranja saturado e esbate-se por entre a cortina de pó que preenche todo o horizonte. Que lindo! Mas o cansaço já pesa no corpo. Agora que a estrada já não é uma serpente perigosa, é tempo de parar no primeiro pueblo. Esfomeados, piloto e co-piloto vão à vendedora de rua deitar abaixo um belo “pollo com papas fritas” e duas cervejas.


“É isso mesmo, Don Pedrito. Tive a oportunidade de presenciar esse momento de felicidade e alívio. Sobre os próximos passos, a equipa responde que vai pernoitar por aqui mesmo e amanhã, já com novas energias, segue até Tarija. É uma pena que não cumpram a etapa toda num só dia, mas “devagar se chega longe”.



Para quem gosta de ditados, sabe perfeitamente que este encaixa como uma luva na nossa equipa de viajantes. Muito bem. Por hoje é tudo senhores espectadores. Voltamos amanhã para dar seguimento a esta emissão, que tem sido um furor de audiências! Não perca o próximo episódio, porque nós também não!

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