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Primeiro Workaway. La Llorona

Foto do escritor: CatarinaCatarina

Conseguimos! Depois de muito esforço, 3765 mensagens enviadas e muita expectativa, finalmente responderam-nos: o Diego e a Dani, na quinta La Llorona em Joaquim Suarez.

Foi muito lindo! Estivemos a ajudar a construir uma casa domo. Cortamos, planamos, lixamos e montamos os triângulos que juntos, formarão a estrutura da casa.


Dividimos os nossos dias com o Gerald, de França, a Núria, do México, e o Sam, de Inglaterra. Partilhamos muito mais do que horas, entre histórias, música, ideias, cozinhados, expectativas e danças fizemos amigos para a vida, que esperamos voltar a encontrar em algum lugar do globo.


Então, dia 20 lá nos esprememos os três e as malas, depois de convencermos, por favor, o motorista a levar a Levi, até casa deles - que era um mísero numero de gps, já que ubicações por aqui são sobrevalorizadas. Chegamos à hora da sesta a um sábado - que erro! - mas o Diego lá nos recebeu e mostrou o espaço, antes de voltar ao seu descanso sagrado. Simpatizamos imediatamente com ele.

Ficamos a arrumar as nossas coisas na tenda e a conhecer os outros voluntários.

Nessa mesma tarde estivemos todos a cortar pasto e a arranjar os nossos espaços de descanso. Domingo foi dia livre e Segunda arrancamos em grande: recolher uma quantidade inacreditável de lixo que durante anos os vizinhos atiraram para propriedade alheia: "nunca mais usamos plástico!" - prometemos depois de vermos as toneladas de desperdício que se consegue produzir.


Os restantes dias da semana foram uma azafama de construção! Dividimo-nos em grupos e enquanto o Sam e a Nuria construíam um banho seco, eu e o Pedro cortávamos milhares de laterais para os triângulos do domo, o Gerald e o Diego iam fazendo a estrutra. Não é um trabalho difícil, mas é muito repetitivo.


Basicamente uma casa domo é uma casa geodésica cuja estrutura, supostamente, minimiza as perdas de calor - já nos disseram que não é bem assim, mas bom, esta é a ideia. Em resumo é uma casa que podes construir por ti próprio, barata e de construção relativamente rápida. Eu acho que são lindas mas o Pedro não gostou tanto assim.


O Diego mostrou-nos este site, se alguém quiser começar a construir a sua: http://acidome.ru


Os dias seguiram mais ou menos a mesma ordem: os primeiros a acordarem, punham o pão no forno e o café a fazer, como normalmente éramos nós, também aproveitávamos para adiantar a higiene pessoal antes do reboliço começar. Pouco a pouco os restantes iam aparecendo (o Gerald sempre a dizer que era o primeiro a acordar, mas estranhamente o ultimo a chegar) e a casa enchia-se de "Buenos Dias", conversas, líquados de aveia, oat porridge (o Sam é britânico) e dentadas de pão quente com manteiga. Pelas 8:30h começavam os trabalhos que nos ocupavam até às 12:30h. Antes, sempre alguém se adiantava para preparar o pitéu para o almoço (responsabilidade dividida entre mim, o Sam e a Núria, e a Dani). Os que não cozinhavam lavavam a loiça e entretanto, até às 17:30h era hora da sesta! Mas fazia tanto calor que não se podia estar nem em casa nem na tenda de forma a que nos íamos plantando à sombra das árvores ou na piscina. Nos aproveitávamos para ler, adiantar o blog e por vezes, dormir mesmo! As tarefas recomeçavam até às 19:30h, hora em que a casa se enchia de movimento de novo: preparar o jantar, banhos, aperitivos, muita conversa, música e risadas. De alguma maneira sempre conseguimos jantar tardissimo, mas era sempre muito divertido. As conversas à hora de refeição eram engraçadissimas pois dividíamos as ideias em quatro línguas: francês, espanhol, português e inglês, o que era hilariante e por vezes surrealista.


No final da primeira semana o Diego e a Dani prepararam-nos uma surpresa: uma ida à praia! Domingo, prendemos a Levi numa arvore do jardim (o nosso coração ficou tão apertado como ela), subimos os 8 para uma carrinha escolar de um amigo deles e ♪ "Oh, oh, oh, oh, vamos à la playa!" ♬


Foi um dia muito emocionante, demoramos bastante a chegar à costa e fizemos tantas paragens até chegar à praia que até o Gerald, o mais entusiasta da ideia, começava a duvidar da nossa chegada. Parámos para ver uma casa em forma de àguia, parámos para visitar um amigo deles, parámos para ir às compras e então, finalmente, chegamos! Era uma praia com pinhal, de forma a que deixamos as coisas à sombrinha e desatamos a correr pela declive até à agua! Tivemos de atravessar um riacho para chegar ao mar, e voltar. Comemos, banhamo-nos, tomamos sol, lemos, conversamos e, ao final da tarde, a cereja no topo do bolo: rumámos a uma parrilla em casa de uns amigos deles! Contudo, para desespero dos 5 voluntários, só comemos pela meia noite. Sabemos agora que é normal, mas nós, alheios a essas tradições, já não aguentávamos o frio, a fome e o cansaço do dia. De forma a que ficamos em roda, repartindo mantas e cerveja e aparvalhando sobre a vida, como malucos. A verdade é que a espera valeu-nos um assado maravilhoso: suculento, tenro e muito saboroso. Por fim, arrastamos as panças para a carrinha e penso que nenhum chegou a ver o portão da casa a fechar-se: caímos a roncar.


A semana seguinte foi bastante parecida com a primeira, e apesar de todo o bom ambiente e da comida deliciosa, já nos começávamos a sentir um pouco presos nesta propriedade e rotina, pois não havia nadinha para fazer à volta, por isso a chegada da carrinha ou um duplo alívio.

Aprendemos bastante, mas segundo o Pedro Construtor esta não será a forma da nossa casa. Não obstante - "Lo passamos lindo".


Hasta la vista la llorona, que lo pasen lindo también.



20 a 31 de Janeiro, 2018

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